terça-feira, 28 de setembro de 2021

Romantismo - A busca pela identidade.

 O Romantismo no Brasil teve início com a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves de Magalhães, em 1831. Além de um grande acervo de poemas, o Romantismo foi um movimento literário que reuniu uma rica produção de textos teatrais e romances. 



Início - A busca por uma herança nacional

Tentando adquirir uma marca nacional e resgatar os valores, como o folclore e cultura nacional, o Romantismo no Brasil surge com uma riqueza de pensamentos. Os autores dessa época procuravam exaltar a natureza, os costumes indígenas, os regionalismos e a realidade do país.

Com a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, os escritores desse período procuraram a autonomia na literatura, um valor próprio que antes não era visto devido às influências dos modelos europeus, principalmente de Portugal. Então, foi a partir do Romantismo que a literatura do Brasil começou a adquirir raízes próprias. 

Características 

Algumas das características do período romântico são:
  • Rompimento com a tradição clássica;
  • Maior liberdade formal;
  • Indianismo;
  • Nacionalismo e ufanismo;
  • Culto à natureza;
  • Amor platônico;
  • Idealização da mulher;
  • Subjetivismo e egocentrismo;
  • Sentimentalismo exacerbado;
  • Religiosidade;
  • Evasão e escapismo.



Principais autores e obras do Romantismo no Brasil

Diversos autores e obras de destacaram no período romântico. Dentre eles estão: 
  • A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo;
  • Canção do exílio (1846), de Gonçalves Dias;
  • Memórias de um Sargento de Milícias (1852), de Manuel Antonio de Almeida;
  • O Guanari (1857), de José de Alencar;
  • Iracema (1865), de José de Alencar;
  • Noite na Taverna (18550), de Álvares de Azevedo.

Fases do Romantismo

O Romantismo foi divido em três fases: 
1ª fase (1836- 1852): A primeira geração romântica no Brasil teve como principais características o nacionalismo e o indianismo. Os temas mais explorados pelos escritores desse momento são: natureza, sentimentalismo, religiosidade, ufanismo e nacionalismo.

2ª fase (1853-1869): Conhecida como a geração do “Mal do Século” ou “Ultrarromântica”, a segunda geração romântica foi profundamente influenciada pela poesia do inglês George Gordon Byron, (1788-1824). Por isso, é muitas vezes chamada de geração “Byroniana”.

Marcada por aspectos negativos, a poesia desse período romântico é permeada dos temas: egocentrismo, negativismo, pessimismo, dúvida, desilusão, boêmia, exaltação da morte e fuga da realidade.

3ª fase (1870-1880): Chamada de “Geração Condoreira”, a terceira geração romântica é caracterizada pela poesia libertária e social. Esse período está associado ao condor, águia da cordilheira dos Andes, com o intuito de revelar sua mais importante característica: a liberdade. Essa geração sofreu grande influência do escritor francês Victor-Marie Hugo (1802-1885), daí ser conhecida também como geração “Hugoana”. O grande foco dos escritores desse momento, foi os problemas sociais e também o abolicionismo.



 

terça-feira, 21 de setembro de 2021

A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo

 A Moreninha é um romance do escritor brasileiro Joaquim Manuel de Macedo, e é considerado um dos maiores clássicos da nossa literatura. Publicada em 1844 durante a primeira geração romântica no Brasil, A Moreninha inaugurou o romantismo no Brasil. 

A obra é dividia em 23 capítulos e conta com uma linguagem simples, objetiva e clara, contendo muitos diálogos, o que facilita ainda mais a sua leitura. O romance cativa jovens e adultos, além de ser muito pedido nas escolas e cobrado em vestibulares e provas. 



Personagens

A Moreninha conta com inúmeros personagens, que vão se encaixando aos poucos no decorrer da narrativa. Abaixo, encontra-se alguns dos personagens principais da obra:
Augusto: Estuda medicina e se apaixona por Carolina.
Leopoldo: Estudante de medicina.
Fabrício: Estudante de Medicina.
Filipe: Estudante de medicina e irmão de Carolina.
D. Carolina: Irmã de Filipe.
D. Ana: Avó de Filipe.
Joana: Prima de Filipe.
Joaquina: Prima de Filipe.

Resumo

O romance relata a vida de quatro estudantes de medicina durante um final de semana. Augusto, Leopoldo, Fabrício e Filipe vão passar o feriado na casa da avó de Filipe. Augusto então é desafiado por Filipe a conquistar uma das meninas. Dessa forma, caso ele se apaixonasse por alguma das meninas, deveria escrever um romance. 
Carolina, a irmã de Filipe, se interessa por Augusto. Durante uma das conversas, Augusto revela para a avó de Filipe que sobre uma de suas paixões. Foi durante uma viagem à praia que ele conheceu uma garota. 
Na época, Augusto ofereceu à menina um camafeu enrolado em uma fita verde. Mas, até hoje ele não sabe o nome daquela garota. 
Em um determinado momento, Carolina entrega a Augusto o embrulho do camafeu que ele dera para uma garota, então ele percebe que a irmã de Filipe é a própria garota. Assim, para cumprir a promessa, ele escreve o romance intitulado "A Moreninha".

Análise da obra

O romance A Moreninha foi inicialmente publicado em folhetins, ou seja, a cada semana era lançado um capítulo ao público.
A linguagem é simples, e muitas vezes coloquial. O tema central da obra é o amor puro e ingênuo, o amor idealizado.
A obra retrata os costumes da alta sociedade do Rio de Janeiro em meados do século XIX. Utilizado bastante pelo autor Joaquim Manuel de Macedo, o discurso direto tem o intuito de transmitir autenticidade e espontaneidade nas falas dos personagens.   

Adaptação

A obra A Moreninha foi adaptada para o cinema em dois momentos: 1915 e 1970. Além disso, o romance inspirou na criação de duas telenovelas, uma de 1965 e a outra de 1975.


Marília Pêra interpretou a personagem Carolina na TV
 

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Realismo no Brasil: Pensamentos, contexto, reflexões e realidade

 O Realismo no Brasil possui traços marcantes e de fácil reconhecimento, que teve início no século XIX e se opõe ao Romantismo. A obra que marca o início do Realismo no Brasil é "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis. Essa escola literária tão importante dialoga diretamente com a realidade e é marcada pelo objetivismo, veracidade e denúncia social. 



Como o Realismo surgiu no Brasil?

O Realismo começou a dar as caras no Brasil em 1881, período em que o país passava pelo processo de abolicionismo, movimento esse que surgiu na Europa e colocou um fim na escravidão. Logo depois, em 1889, ocorreu finalmente a Proclamação da República. Influenciado pelo Positivismo, Socialismo e Marxismo, o realismo surgiu no Brasil, entrando em declínio a partir do ano de 1890. 

Características

Objetividade: Opondo-se ás ideias do Romantismo, que prezava pelos sentimentos pessoais e ultrassentimentais, o Realismo exalta a objetividade, em que os autores buscavam retratar a realidade tal como ela era.
Enfoque em descrições psicológicas: O Realismo buscava retratar não só a parte externa da sociedade brasileira, como também a descrição de valores e pensamentos das personagens narradas. 
Enfoque no homem e seu cotidiano: Outra característica do Realismo é o foque no cotidiano das personagens, o que elas faziam e como lidavam com as adversidades do dia a dia.
Personagens e ambientes descritos de forma detalhada: As personagens e os ambientes eram descritos de forma detalhada, elencando todas as suas características possíveis.
Crítica social: Outro ponto forte do Realismo é a capacidade de se fazer críticas sociais. O Realismo marcou em representar as hipocrisias sociais, criticando as contradições e os moralismos da elite burguesa.

Obras



Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis (1881)
É porta de entrada para o Realismo no Brasil, considerado um clássico da literatura Brasileira e obra de maior destaque de Machado de Assis. Composta por 160 capítulos, a obra ousa em quebrar o ideal romântico. 
Dom Casmurro - Machado de Assis (1899)
Outra prestigiada obra de Machado de Assis. Nela, é contada a história de um casal inicialmente apaixonado, mas que a partir do avanço da história vai rompendo com o paradigma romântico.
A obra é dividida em 148 capítulos sucintos que levam o leitor a refletir sobre uma possível traição. 
O Ateneu - Raul Pompeia (1888)
Fazendo uma crítica á sociedade, Raul Pompeia retrata a realidade de um colégio interno. É mais um obra importantíssima do Realismo brasileiro. 
Dividida em 12 capítulos, o livro pode ser considerado autobiográfico, pois fala da realidade do autor ao estudar em um colégio interno. 
Quincas Borba - Machado de Assis (1891)
Completando a trilogia realista de Machado de Assis, Quincas Borba retrata o casamento por interesse. 

sábado, 11 de setembro de 2021

A crítica social por trás da obra Capitães da Areia

A política e o romance

 Escrito por Jorge Amado, o romance Capitães da Areia foi publicado oficialmente em 1937. Nesse período, o Brasil era governado por Getúlio Vargas e vinha passando por um momento difícil, marcado por tensões, conflitos e perseguições.

Em suas obras, incluindo Capitães da Areia, Jorge Amado não escondia suas visões políticas. O autor fazia parte do Partido Comunista Brasileiro, ao qual era membro ativo do movimento. Dessa forma, Capitães da Areia fazia uma dura crítica ao momento que o país estava passando, denunciando o mal da sociedade, assim como o sistema capitalista. A obra ultrapassa em muito o seu dever de apenas entreter, e chega ao ponto de nos fazer refletir.


Resumo

Capitães da Areia conta a história de um grupo de meninos de rua que moram em Salvador. O grupo é conhecido como Capitães da Areia e contam com mais de 100 garotos. Apesar de serem todos menores de idade, os meninos têm que lutar para sobreviver e muitas vezes praticam pequenos furtos. 
Com o desenvolvimento da história, os personagens são introduzidos, contando a entrada de alguns deles no bando. O grupo é praticamente invisível para a sociedade, e só são lembrados pela "marginalidade" que cometem. Algumas narrativas individuais vão tomando forma de acordo com que a história progride, mas sem desfocar do enredo principal formado pelo bando. Em meio a tudo isso, os garotos sempre voltam ao trapiche, que é um galpão abandonado que fica próximo à praia. 



Personagens principais

Pedro Bala - O líder do bando. É um garoto muito esperto e ágil, que sempre preza pela justiça. Pedro Bala è órfão, e acaba descobrindo que seu pai foi um líder operário que acabou sendo assassinado durante uma greve. 
Professor - O braço direito de Pedro Bala. É muito inteligente e o único do bando que sabe ler.
Gato - O malandro do grupo que acaba se envolvendo com uma prostituta chamada Dalva.
Sem-Pernas - É o personagem mais complexo da história. Seus dramas fogem um pouco do padrão do grupo. Seu nome se deve à uma deficiência física. 
Volta-Seca - Os próprios personagem têm medo de Volta-Seca devido à sua devoção a Lampião. 
João Grande - O mais amável do grupo.
Boa-Vida - É malandro e faz de tudo para fugir do trabalho.
Pirulito - Seu sonho é ser padre. 
Dora - É a única menina do grupo. Seus pais haviam morrido de varíola e entra no bando contrariando os meninos. Com o passar do tempo, ganha admiração de todos, pois assume o papel de cuidadora do grupo. Ela e Pedro iniciam um romance. 

A obra é marcada por algumas tensões que vão afetando os personagens, cada qual com sua maneira. Alguns personagens acabam morrendo e outros mudando de vida. Cada um deles forma um complexo labirinto que vai se desenrolando a cada página, tornando a narrativa rica de significados.
Capitães da Areia possui algumas semelhanças com uma outra obra clássica: Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Ambas as obras fazem parte parte da segunda fase do Modernismo no Brasil, além de abordarem a região Nordeste, onde trazem à tona alguns males escancarados.

A crítica social

Capitães da Areia garante ao leitor uma espécie de reflexão para o mundo que muitas vezes é invisível. De maneira muitas vezes sútil, o autor coloca em evidência o atual sistema econômico e político como um mecanismo de injustiça perante aos mais marginalizados e frágeis da sociedade. 
Jorge Amado, autor de Capitães da Areia

Apesar de cometerem atos considerados errados, os meninos do bando, uma vez que ainda são crianças e que estão naquela situação por culpa do sistema, não são colocados como opressores, mas sim como oprimidos. Muitas vezes, a sociedade do mundo real fecha os olhos para aquele mais fragilizados, e, assim como na obra de Jorge Amado, os deixam á mercê da própria sorte e do próprio destino. A ficção imita a vida real e assim vice-versa. 


Dom Casmurro - A magnífica obra de Machado de Assis

 Dom Casmurro é uma obra para ser lida e relida diversas vezes. Nela, Machado de Assis coloca toda a sua proeza em escrever textos tão bem amarrados e coesos, dominando de forma incrível um português que poucos dominam. Além disso, o autor constrói um narrativa única, que deixa o leitor curioso a cada página, querendo devorar o livro por completo. As personagens de Dom Casmurro possuem um carisma sublime, e alguns se destacam por sua complexidade, como é o caso dos protagonistas Bentinho e Capitu. 

Dom Casmurro possui 148 capítulos, a maioria contendo 1 ou 2 páginas. Talvez o número de capítulos possa assustar, mas eles são bem amarrados e sucintos, o que é uma marca registrada de Machado de Assis. A obra foi publicada inicialmente em jornais no ano de 1899, tornando assim um dos romances mais importantes da literatura brasileira.



Resumo

No romance Dom Casmurro, acompanhamos as memórias de um homem chamado Bentinho, que com o passar do tempo se torna ranzinza, deprimido e carrancudo. É daí que o personagem recebe o apelido Dom Casmurro, fazendo jus ao nome do livro. 
Bentinho faz par romântico com uma bela cigana chamada Capitu, que possui olhos oblíquos e dissimulados, como o mesmo a descreve. 
A obra pode ser divida em 3 momentos. No primeiro momento, que é focado na infância dos protagonistas, Machado de Assis descreve os elementos que vão compor a história. São apresentados as famílias de Bentinho e Capitu, além do amor tórrido que um sente pelo outro. 
Na segunda parte da história, com o passar do tempo, Bentinho é mandado para o seminário para se tornar padre, fruto de uma promessa feita pela mãe Dona Glória. Assim, o protagonista é separado de seu amor de infância, mas a paixão entre os dois não cessa. No seminário, Bentinho conhece Escobar, que é o ponto chave da história. Escobar acaba virando amigo de Bentinho, e lhe dá a solução para o seu dilema: Dona Glória prometeu um sacerdote que não precisava ser exatamente seu filho. Dessa forma, o amigo de Bentinho vai influenciando os pensamentos de Dona Glória, que acaba mandando um escravo para pagar por sua promessa no lugar do filho.
A terceira parte é marcada pelo grande dilema: Traiu ou não traiu. Longe do seminário, Bentinho acaba se casando com Capitu e então eles têm um filho. Até que chega um dia que Bentinho começa a desconfiar que  sua mulher Capitu e seu amigo Escobar estão tendo um caso. Essa desconfiança só aumenta após ele suspeitar que o filho se parece demais com o amigo. Mesmo após a morte de Escobar e mais para frente de Capitu e do filho, a dúvida se a esposa realmente o traiu paira na cabeça de Bentinho por muito tempo. 

A grande dúvida

Dom Casmurro é um marco na literatura brasileira. Não é a toa que é um dos livros brasileiros mais lidos ao redor do mundo. É uma obra atemporal e primordial para leitura. 
A grande dúvida que paira não só na cabeça de Bentinho mas também em todos que leram Dom Casmurro é se Capitu traiu ou não o seu marido. A conclusão que cheguei è a de que Capitu não traiu Bentinho. Capitu era extrovertida e segura de si, o que confundia a cabeça do marido, que era o oposto da esposa. Ao longo da história, notei que Bentinho distorcia os fatos e tinha dificuldades em assumir que estava errado, ou seja, que Capitu não o havia traído.
Talvez, por tanto pensar erradamente, Bentinho tenha acreditado na traição da esposa e confundido os traços da personalidade dela como pontos para comprovar a sua traição.

 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti

 Eu sei, mas não devia é uma crônica publicada em 1972 no Jornal do Brasil pela autora Marina Colasanti. A crônica, apesar de ter sido escrita há mais de quatro décadas, continua sendo atual. Nela, a autora nos faz refletir sobre a rotina do dia a dia, deixando de lado as maravilhas do que está a nossa volta. 

Texto completo: Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Reflexão

A autora Marina Colasanti foi genial ao escrever uma crônica que conversa tanto com as pessoas. Cada linha e cada parágrafo nos faz perceber que a vida está fisgada a coisas rotineiras, e que muitas vezes nos faz pensar: O que escolhi para mim?

Eu sei, mas não devia aborda circunstâncias comuns a maioria das pessoas, fazendo um perfeito paralelo com nossas vidas.
As potencialidades da vida são deixadas de lado, e nos acostumamos com absolutamente tudo: pressa, poluição, contas, sono atrasado... tudo!
Ao refletirmos um pouco mais sobre o texto, nos damos conta que se nos acomodarmos e nos acostumarmos a tudo que acontece, deixaremos de aproveitar as grandezas e belezas da vida. 




terça-feira, 31 de agosto de 2021

Mal ou mau?

 Uma dúvida que sempre aparece na cabeça das pessoas é a diferença entre mal e mau. Nesse post, você aprenderá a maneira corre de usar cada um desses termos. 


Para entender a diferença entre mal e mau, é importante perceber ao significado e ao contexto que aparecem. Mau é sempre adjetivo, que significa "ruim", "imperfeito". É antônimo de bom, faz o plural com maus e o feminino é má. 
Observe os exemplos: Aquele homem sempre foi mau.
                                    A menina era má. 

Já a palavra mal, pode ser classificada como advérbio de modo, quando significa "erradamente", "incorretamente". Nesse caso, é invariável e seu antônimo é o advérbio bem. Então, como advérbio, refere-se sempre a um verbo. 
Olhe os exemplos: Ela dormia muito mal. 
                               Estou me sentindo mal essa manhã. 

Existe também a possibilidade de se usar o verbete mal como substantivo, principalmente quando este significa "nocivo", "prejudicial", ou também usado como sinônimo de "doença" e "enfermidade". Como substantivo, admite o plural males e pode vir precedido de artigo, adjetivo ou pronome. Seu antônimo também é o substantivo de bem.

Regrinha básica: Substitua sempre mal por bem e mau por bom quando surgir a dúvida. É infalível! 
                                    


Romantismo - A busca pela identidade.

  O Romantismo no Brasil teve início com a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves de Magalhães...