terça-feira, 27 de abril de 2021

Os que passam por nós correndo - Franz Kafka

Quando se vai passear à noite por uma rua e um homem já visível de longe - pois a rua sobe à nossa frente e faz lua cheia - corre em nossa direção, nós não vamos agarrá-lo mesmo que ele seja fraco e esfarrapado, mesmo que alguém corra atrás dele gritando, mas vamos deixar que continue correndo.

Pois é noite e não podemos fazer nada se a rua se eleva à nossa frente na lua cheia e além disso talvez esses dois tenham organizado a perseguição para se divertir; talvez ambos persigam um terceiro, talvez o primeiro seja perseguido inocentemente, talvez o segundo queira matar e nós nos tornássemos cúmplices do crime, talvez os dois não saibam nada um do outro e cada um só corra por conta própria para sua cama, talvez sejam sonâmbulos, talvez o primeiro esteja armado.

E finalmente - não temos o direito de estar cansados, não bebemos tanto vinho? Estamos contentes por não ver mais nem o segundo homem".

Conto de “Contemplação / O Foguista”, de Franz Kafka

Os que passam por nós correndo, de Franz Kafka, é um dos contos menos conhecidos do famoso escritor, mas que merece destaque por sua simbologia. No primeiro momento, o conto nos causa estranheza e até mesmo medo. Quando o leitor vai lendo as palavras e as frases, pode se ter a impressão que já viveu a situação narrada no conto. As possibilidades e dúvidas do que acontece pode nos levar a crer que não sabemos de nada, que somos incapazes de decidir algo. Os que passam por nós correndo é um conto que nos faz imaginar inúmeras vertentes, é um conto potente, vivo e real. 

Romantismo - A busca pela identidade.

  O Romantismo no Brasil teve início com a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves de Magalhães...